'Eternal Sunshine Of The Spotless Mind', Ficção Científica / Drama, por Michel Gondry.
O filme aborda temas como a memória, o passado, presente e futuro de uma relação, de rotinas, desgaste, do quanto a comunicação é importante, fundamental, numa relação a dois (seja qual for). 
Joel Barish (Jim Carrey) e Clementine Kruczynsk (Kate Winslet), (re)conhecem-se por mero acaso no interior de um comboio, iniciam um diálogo simples revelador duma química inabalável entre ambos, apesar das notórias diferenças. Reconhecem-se, sem noção imediata disso, porque já se haviam cruzado anteriormente, já haviam partilhado uma relação, quando numa discussão, Clementine contrata uma clínica para apagar todas as suas memórias de Joel e da relação de ambos. 
O filme decorre com lapsos e memórias de Joel sendo apagadas pelo processo da mesma empresa, fazendo com que recorde os primeiros encontros, diálogos, feitios, características, as mudanças de cor de cabelo de Clem, e todas as essências do amor outrora vivido e partilhado entre ambos. Para não as perder, Joel debate-se numa luta constante, fugindo e contornando o seu inconsciente para preservar Clem e algumas dessas memórias. O final é inesperado e como uma cereja no topo do bolo! 
Jim Carrey, é o tolo das mil e uma facetas, mas aqui, conseguiu uma face bem mais contida do que o habitual, exprimindo as várias camadas e estados de espírito de Joel. Kate Winslet, a estrela de 'Titanic' , dá vida a uma personagem complexa, com uma personalidade que lida com as suas inseguranças como a quantidade de vezes que muda a cor de cabelo. Um trabalho maravilhoso de ambos!
'Eternal Sunshine Of The Spotless Mind' faz contrastar os momentos de candura, os risos, a doçura e o encanto de um amor partilhado, com o drama desesperante, que nos comove, faz rir, sonhar, ansiar, pelas memórias esquecidas, tantas vezes desejadas apagadas, onde a mente humana é palco de um espectáculo cinematográfico.



'We met at the wrong time. That’s what I kept telling myself anyway. Maybe one day, years from now, we’ll meet in a coffee shop in a far away city somewhere and we could give it another shot.’

‘You can erase someone from your mind. Getting them out of your heart is another story.’


Som:      https://www.youtube.com/watch?v=fOVECbr-vsc


O que leva o amor a desaparecer? O amor desaparece? Desaparece mesmo, ou fazemos por esquecê-lo, tirá-lo da mente, mas continua sempre connosco? Já Antoine de Saint-Exupéry dizia 'Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.' , e é mesmo assim, não é? 
A nossa memória é algo de extraordinário. Guardamos recordações de momentos vividos que provavelmente não recordamos, lembramos ou pensamos diariamente, guardamos momentos que preenchem de sorrisos a nossa alma, outros de tristeza, que nos moldam a forma de estar, reagir ou encarar a vida ou as pessoas que entram, que saem, que ficam. Guardamos memórias que nos marcam a pele, nos toldam os sentidos, nos chocam as emoções e abalam a nossa personalidade.
Sou pessoa de memórias. Guardo e imprimo fotografias, só pelo prazer, carinho e cuidado de segurar nas mãos, recordações vividas com alguém que num determinado dia marcou a minha vida. Guardo palavras, sons, olhares, sorrisos, coisas partilhadas, dadas, devolvidas, amadas, memoráveis que me tocam o coração, me fazem sorrir.
Gostava de dizer a alguém que sou a memória que nem o Alzheimer apagará. Acho que o farei, quando encarar o espelho, logo mais ...

M'.


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